terça-feira, 7 de setembro de 2010

Le tombeau de l'utopie










Há duas definições de inveja que me parecem próximas da verdade: uma popularmente aceita, de que o invejoso deseja aquilo que aprecia no outro; a segunda, mais sofisticada, formalizada assim por Melanie Klein "Eu não quero o que você tem, eu quero que você não tenha o que tem!". O estado soviético nutriu as duas contra a autocracia czarista. Os bolcheviques não distribuíram as terras confiscadas da aristocracia entre os servos libertos desde Catarina até Alexandre II. Todas as chacinas perpetradas pelo partido tiveram como objetivo acabar com qualquer vestígio da cultura tradicional eslava(de outro modo a religião não seria considerada tão perigosa). Stalin não se apropriou da Receita gerada pelo terceiro maior Império da história com a finalidade de fazer justiça social em nome dos antigos servos, eu acredito cegamente que o único beneficiado com a Revolução de 1917 foi o próprio partido, e quem não se opusesse a ele. É claro que nem os revolucionários de 1789 na França nem os russos de 17 pretendiam emular os excessos cometidos pelo absolutismo como fim, a questão é que o meio sedimentou-se de tal modo que o vício que deveria ser justificado só enquanto passageiro se tornou no cerne dessa convulsão social. Houve melhoras depois de 89, como houve após 17, mas havia um processo que foi sumariamente interrompido, o que resultou antes em barbárie e equívoco que em igualdade.
Não falo de aristocrata enquanto latifundiário, mas no sentido de indivíduo preparado para a excelência, como propunha Aristóteles.

"Se aos 20 anos você não é comunista você é um escroque, se aos trinta você ainda é, certamente é um idiota", uma das vantagens de se tornar balzaquiano é poder dar de ombros para a crença absurda de que não há vida intelectual além da esquerda. De Dante a Nietzsche, de Débussy e Victor Hugo a Pound, a intelectualidade e a arte são marcadas por pensadores que não se alinhavam à esquerda e que podem ser chamados de reacionários. Em auxílio a esse desabafo tive a fortuna de achar esse artigo do Umberto Eco, que elenca Dante e Mishima como reacionários e fala de Pasolini(um notório marxista) como herói de parte da direita italiana por sua nostalgia de uma sociedade pré-industrial.



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