domingo, 5 de setembro de 2010

En recherche d'un Théâtre Perdu II


Ainda não fui ver Coco Chanel e Igor Stravinsky,mas sempre fui muito curioso pelo fascínio que essa mulher exerceu para além do mundo aparentemente superficial da moda. Além de Stravinsky e do nefasto oficial nazista que lhe custou vinte anos de ostracismo Gabrielle também foi amante do grão duque Dmitri, primo do último Czar, amante do príncipe Yussupov, com quem tramou o assassinato de Rasputin. Chanel, já no auge de sua carreira e fortuna, costumava hospedar esses artistas e aristocratas russos na sua casa de campo, que viu nascer sua paixão adúltera pelo compositor da Sagração da Primavera.

Não sei se o filme transcende a fórmula para cinebiografias desse tipo de personagem, mas a cena de abertura do filme, com Nijinsky estreando a peça revolucionária enquanto seu amante Diaghilev faz sexo oral num bailarino na coxia já valeria a ida ao cinema, tal o poder dessa música, desse encontro de tantos homens talentosos e dessa coroação(sagração) com um erotismo que faz jus ao caráter transgressor desses personagens.

Nijinsky esteve no Municipal de São Paulo, dançando L'après Midi d'un Faune, com música, também transgressora, de Débussy. Esse delicado, frágil e genial bailarino foi apresentado ao seu eterno empresário e amante pelo então parceiro o Príncipe Pavel Lvov. O então garoto teria deplorado a altivez de Serge Diaghilev, mas consentiu em conhecê-lo "Não gostei dele por sua voz segura. Evitei fazer amor com ele, mas fingi, porque sabia que, de outro modo, minha mãe e eu morreríamos de fome". Em pouco tempo o príncipe Lvov seria trocado pelo homem altivo que tinha transtorno obssessivo compulsivo e ambos, Vaslav e Serge viriam ao Brasil dançar a vanguarda musical que chocou os paulistanos habituados a Tchaikovsky.

Nijinsky passou trinta dos seus sessenta anos num hospício, mas dançou no Municipal de São Paulo, como sua amiga e contemporânea Anna Pavlova, o epítome da bailarina russa.

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