domingo, 5 de setembro de 2010

En recherche d'un Théâtre Perdu I


Alguns biógrafos sérios de Maria Callas afirmam ter sido o Municipal de São Paulo o local de nascimento da sua rivalidade com Renata Tebaldi, litígio mais explorado pela imprensa marrom da época, e que rendeu às gravadoras algum dinheiro a mais e às divas umas boas risadas e fotos improváveis de uma relação cordial. Maria e Renata teriam acordado em não das bis em sua temporada de 1951. Callas cumpriu a sua parte do acordo na Traviata, mas Tebaldi teria bisado depois da sua Aída, e consequentemente foi muito mais aplaudida. A grega culpou o diretor artístico do Teatro paulistano por supostamente tê-la preterido e num dos seus célebres arroubos arremessou o tinteiro no homem que afortunadamente enxergava melhor do que ela. Além do quadro atingido pelo objeto e da gênese da maior rivalidade artística do século XX o episódio não teve maiores consequências. Outro episódio na mesma temporada: Callas, ainda indisposta com o diretor resolveu deixar Aída no meio da apresentação. Apesar dos clamores do marido pré-Onassis e de ameaças de prejuízo à carreira ela voltou impávida ao hotel. O jeito foi buscar um soprano italiano que jantava no restaurante do Teatro,que ficava onde hoje é a Votorantim. A mulher recusou-se a usar qualquer referência à Aída, e cantou até o fim da ópera com seu vestido contemporâneo de alta-costura e um magnífico conjunto de esmeraldas e diamantes que destoava da escrava etíope.

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